
percebo o caminho que o teu amor percorre em mim.
com os dedos que tocam a pele para reconhecer o território a que desbravam. que dedilham como no violão na busca da nota perfeita, em mim, cada uma das minhas cicatrizes e marcas. com as mãos que acariciam a medida que o meu corpo pede calma e também implora: agarra-me!
sinto, as rachaduras na minha derme se abrindo, como as planícies da terra que cedem para que as águas do rio corram por elas. é preciso ceder para encher, transbordar, seguir em frente. no entanto, ceder dói. ceder, da medo. e se ao invés de ceder, desmoronares? as sombras questionam, debocham.
porém, encontro-me na tua fé. nessa tua capacidade rara de ter esperança no invisível, quase impossível. somos impossíveis! eu soube desde o início. tu, também sabias.
ainda assim, aqui estamos nós, escrevendo nas linhas imaginárias daquilo em que ainda acreditamos ser o antídoto para sobreviver o caos da vida e com a tinta daquilo que sentimos. e sentimos muito, tanto, com cada partícula da nossa existência – tudo.
reparo nas cores que o teu modo de amar tem pintado o meu eu preto e branco.
reconheço em você as virtudes que nunca encontrei antes. e pergunto-me, se mais uma vez estou me enganando. questiono as minhas barreiras, muralhas, grades. questiono inclusive se mereço tentar amar você.
imatura eu seria se eu não questionasse. estranho seria, se mesmo assim, eu não me apaixonasse por você.
entretanto, nego. o presente é ainda escuro, incerto, confuso demais para assumir o que quer que seja. a vida, ou melhor, os tombos, ensinam a gente a segurar no corrimão pra não escorregar da escada em dias chuvosos – de novo. (e eu sei também que você sabe disso)
tu, não é tempestade. não é raio. não é trovoada. não é garoa. nem queda d’água repentina e passageira de verão. tu, é chuva em mim – daquelas que a meteorologia prevê e acerta; que começa de madrugada e permanece pelo o dia inteiro, as vezes, até de noitinha; sem ventania, nem muitas variações, no mesmo compasso e melodia, densa, corrente e constante; que alaga a minha cidade inteira. chuva. chuva. chuva.
e eu amo a chuva!
Ps.: abri a janela pra te ouvir chover por aqui. e não demora, estou eu no meio da rua tomando banho de chuva. encharcando-me de você.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução // Filme Diário de Uma Paixão)
Grato, FRANCIELLE,
pela visita ao UAÍMA. A Casa é sua, e aproveito para enviar-lhe um abraço, por sua Página bem cuidada, bom texto.
Darlan M Cunha
Belo Horizonte
CurtirCurtido por 1 pessoa
Grata pelo comentário gentil ! Seja bem-vindo por aqui tbm 🙂
CurtirCurtir
Você escreveu algo que para mim é essencial: é realmente o presente incerto. Tanta preocupação com o futuro, tantos arrependimentos ou qualquer coisa mais sobre o passado (embora importante), e o presente fica quase sempre no modo stand-by. É viver o hoje que se terá história e de construirá o amanhã. Talvez por isso o amor seja sempre urgente. Abraço carinhoso.💐☮️
CurtirCurtido por 1 pessoa
Resumiu bem: “o amor é sempre urgente” // obrigada por compartilhar suas impressões 🥰
CurtirCurtir
Bem legal, adoro prosa poética. O texto passa emoção. Adorei.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Obrigada pelo Feedback. É muito importante pra mim 😊
CurtirCurtir