perdoa-me

Perdoa-me, por todas as vezes em que convencida pelas minhas urgências e ambições, eu segui em frente, sabendo que eu tinha que recuar.

Perdoa-me, por todas as vezes em que tomada pelos medos, incertezas, covardia, recuei, quando deveria ter seguindo em frente.

Quereria eu ter ido mais além. Tornado-me em quem acreditei que seria. Ter feito as coisas que eu jurava que faria.

me perdi no meio do caminho

Eu sabia que estava perdida. Eu também sabia, que negar ou tentar convencer quem quer que fosse do contrário, só provava o quão desencontrada eu estava.

Palavras não asfaltam caminhos submersos em água. Eu me afoguei em ideias.

Perdoa-me, por tantas vezes ter me convencido de que aquelas ideias eram o único caminho. Como quem arrastado pelas ondas bravas, ao se perceber pequeno e fraco pra lutar contra a correnteza que o carrega para longe da terra seca, desisti de resistir e se entrega, já não prende o fôlego e se deixar embebedar – pelo profundo talvez.

Quando se vive em busca das certezas, todo talvez mata uma parte de nós.

Choro.

Hoje, preciso chorar pelo o que não sou e talvez, nunca serei. Preciso enfrentar o luto das versões que se perderam pelos caminhos e morreram, na tentativa falível de submergir sem nunca ter aprendido a nadar.

Perdoa-me, por ter sido aquela que sempre brincou a beira… Não se aprende a se defender, sem subir no ringue. Não se aprende a voar, sem abrir os paraquedas. Ou você nasce gente, ou você nasce pássaro.

cortaram as minhas asas

Talvez eu nunca tenha sido quem eu achei que eu era. Talvez. Talvez. Talvez. Mas ainda sinto aquela dor dilacerante de quando me dei conta de que não tinha mais asas.

Perdoa-me, por não poder mais voar.

Fran, me perdoa !

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Twitter)