O nosso amor impossível

No café da manhã, falei de você para a minha melhor amiga, depois de meses a fio sem a minha boca pronunciar o teu nome, ecoar para além das minhas paredes internas o teu sobrenome e todas as referências da nossa história desencontrada no tempo, nas circunstâncias, na vida.

No fim da tarde, enquanto eu estava no meio de um milhão de coisas à fazer, as nossas lembranças tilintavam dentro do meu peito e eu me flagrei me perguntando: “será que fomos aquele tipo de amor impossível?” Desses que não importa quantas tentativas, quantos reencontros, nada nunca basta para fazer ser o que tanto planejamos, sempre há algo ou uma força maior externa que nos empurra em direções opostas, para o fim?

[vazio]

Agora, o que eu sei, é que eu te amei!

Eu sei que eu te amei apesar dos nossos desencontros, desentendimentos, incertezas. Eu sei o quanto eu quis estar com você. Eu sei o quanto eu me preparei para te trazer para o meio da minha família. Eu sabia tudo o que renunciaria ao te assumir na minha vida de papel passado, aliança na mão esquerda e o que mais fosse necessário. Eu sei o quanto falamos de celebrar o início de uma vida juntos do nosso modo, no por do sol à beira mar em Bertioga – eu, você e os nossos cachorros… Eu sei o quanto eu ensaiei os meus votos. Eu sei o quanto eu imaginei os teus olhos castanhos escuro, redondos, naqueles que seriam os nossos filhos. Eu sei o quanto eu imaginei a tua euforia, lágrimas, sorrisos de ponta a ponta no dia que eu lhe contasse, “vida, é uma menina!” – aquela que você tanto dizia que queria no meio dos nossos você é minha, eu sou tua. Eu sei o quanto eu imaginei nós dois envelhecendo lado a lado. Eu sei …

Também sei, o quanto tentamos dentro daquilo que acreditávamos ser suficiente. Sei o quanto o mundo parecia nos entender e nos aceitar, todas as vezes em que não havia distância, não havia poréns, não havia tecidos entre os nossos corpos. Lembro, de todas as juras de amor, todas as intenções, todas as certezas quando a cama era o nosso porto seguro… e ainda arde, em todo o meu corpo, as tuas digitais!

Isso tudo pra dizer que, eu ainda te amo. Calada. Sozinha. Longe do que era também o nosso caos. Todos os dias levanto com aquela esperança tola de que vou te esquecer logo, com esperança de viver aqueles planos que foram feitos contigo, mesmo que eles tenham perdido o completo sentido na minha vida para serem reescritos com outro alguém. Ainda me recuso à outro alguém. Tenho andado por aí, não em busca de algo como o que você me causava, mas em busca de um tipo de silêncio. O silêncio que habitava o meu peito, quando eu ainda tinha certeza de que você estava em algum lugar desse mundo me esperando, nos esperando. Já não te espero como antes, contudo, anelo desesperadamente, por paz.

É curioso pensar que você era um tipo de caos no meu mundo organizado, mas também era o meu sossego diante do caos das minhas incertezas sobre a vida. Você era a minha única certeza. E talvez, eu tenha pecado nisso. Te sinto vivo dentro de mim e tenho saudades – e puno-me por isso! Você tem seguido em frente. E eu… bem, eu tenho tentando. (ao menos é alguma coisa)

Enquanto eu contava para a minha amiga sobre o nosso último e definitivo fim, embarguei. Tentei explicar outra vez o que sequer tem uma explicação justa, outra vez, vencidos por… e nada nos explica! Quis mudar de assunto. Chorei, porque me dei conta que ainda te quero, que ainda te amo e que você é aquela cicatriz que não fecha no meu peito.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / medium)

9 comentários em “O nosso amor impossível

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