
Há dias que doem mais que outros.
E eu… ah, eu queria começar esse texto falando sobre alegrias, realizações, luz – ainda que fosse a tal luz do fim do túnel… no entanto, por ora, ela não é real e eu preciso aprender a caminhar no escuro, a passos curtos, tateando as paredes para não tropeçar, cair, falecer…
Hoje, nem o alarme escandaloso, nem as urgências, nem a lista infinita de pendências foram fortes o bastante para me arrancar da cama.
Há dias que eu cedo!
Cedo a essa dor maior que tudo o que me cerca, a tudo o que ainda me faz ser. Cedo a essa ansiedade que espera a primavera que nunca chega. Essa frustração que transmite em hd os meus fracassos todos no teto deste quarto.
Cedo!
Cedo, inclusive as paredes que encolhem a existência das minhas asas, apertam, quebram… Cedo! E não abro a janela. Mesmo que as frestas dela insistam em me contar que o dia está lindo lá fora, que as pessoas estão vivendo, seguindo em frente, com pressa, porque as horas não esperam ninguém se levantar…
Encaro os papéis. Encaro a tela do notebook e nada, nada, nada.
Há dias que as palavras que me habitam se escondem dentro de mim, ao ponto que não falo, não canto, não respondo, não existo. Há dias que as lágrimas retrocedem, ao ponto que me sinto seca – ainda que eu também sinta aquele nó na garganta que indica tempestade, um dilúvio…
Às vezes, é como estar desistindo.
Não encaro o espelho. Porque ainda que eu tivesse toda certeza e coragem para desistir, eu seria incapaz de encarar os meus olhos acinzentados. Não é quem eu deveria ser! Não é quem eu posso ser!
Às vezes, eu só queria parar de sangrar e sangro, sangro, sangro… há dias que eu só queria não sentir mais dor e dói, dói, dói e cedo.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / a chave do meu mundo)