
Como eu poderia dar à você tudo de mim quando eu sou só uma metade?
Sinto tuas expectativas sob aquilo que tu sabes que eu não sou, mesmo assim, você exige que eu seja. Como se eu pudesse não ser aquilo que os teus olhos veem e no fundo, tu só me exiges reparos, porque vês quem eu sou. E eu tenho tentando ser o que queres… por você, só por você.
Lembra de todas as vezes que você disse que eu podia ser melhor, ser mais, fazer mais… e eu fui, eu fiz… por você, só por você. Eu que tenho remodelado as minhas formas para te amar melhor. Tenho me espremido sob tudo aquilo que você queria, como alguém que compra um sapato um número menor, porque se apaixona perdidamente por ele e depois insiste, vezes incontáveis, calçar os pés que reclamam, que doem, que machucam… por você, só por você.
Eu lembro da primeira vez que você levantou a voz e eu silenciei (e ainda estou silenciada, engasgada, com farpas presas na minha garganta). Encaixei até o tom da minha voz sob as tonalidades da tua, como um compositor que tenta, meticulosamente, encaixar nota por nota no pentagrama, de modo que componha a melodia perfeita. Eu queria ser perfeita… por você, só por você.
Ser quem você quer que eu seja me desfaz. E você sabe disso. Você tem prazer nisso.
Você me ama?
Ser quem você quer que eu seja, corrói quem te ama. Eu te amo e não te basta!
Eu estou desaparecendo, desaparecendo, desaparecendo por você, só por você.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / j e s s)
Belo texto. Como sempre.
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Obrigada!!! 🙂
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