Latejos

O meu coração tem pressa.
Neste minuto, por exemplo, ele bate pesado e acelerado no peito, sinto que ele teima em querer carregar o meu mundo inteiro nas costas, mas como? Como aguentar tudo? Como aguentar todos? Como aguentar-me inteira?

Tenho a sensação de que de algum modo os meus dias urgem, de que não tenho muito tempo e ainda não fiz tudo. Pelo menos, não tudo o que eu queria fazer (ainda quero, também é verdade!)

Meus dedos correm apressados por esse teclado, buscando algum tipo de alivio, de sossego, de calma. Contudo, como ter calma? Como esperar que as minhas coisas aconteçam na cronologia natural das coisas? Como acreditar que amanhã, quando o Sol levantar outra vez a cidade cinza, e as pessoas normais saírem mais uma vez apressadas e conformadas para suas rotinas, eu levantarei também e, FINALMENTE, sentirei o tal do pertencimento e aceitação de que estou no lugar certo, fazendo o que por hora posso fazer, no tempo que agora tenho?

O amanhã não me pertence e já me apavora!

Estou exausta!
Exausta!
Exausta!

Existe um grito preso nas cordas vocais de tudo que escrevo. Ouves?
Sinto que estou feito uma granada sem pino.
Choro, se não afogo-me.

Haverá um lugar, um dia, um alguém para chamar de casa?
Quem sabe em algum tempo, eu ei de estar em lar!?
Por ora, apenas estou caos.
Sinto o peso do mundo, dos olhares, das vossas esperas… tudo soterra-me.
Entristece-me não perceberes que preciso ir.
Acorrenta-me essa insistente necessidade velada de ter que orgulhar.
Não quero orgulhar! Quero viver!
Quero pular do abismo, se preciso for… se preciso for para me libertar.

Por: Francielle Santos

(Foto: Art.com)