
eu tive que me entregar
para saber o que era o amor
foi nas vezes em que estivemos um no outro que eu soube
que a minha vida estava fadada a existir para amar a sua
na incoerência de quem não podíamos ser
que eu entendi que viveria uma vida sendo
tudo o que eu não era para os outros
para ser quem eu sou só nas tuas mãos, navegando os mares do teu corpo
eu te amava sem dizer eu te amo
mas quem precisa de palavras quando o corpo inteiro pulsa?
todas às vezes que você me deixou
eu chorei, te trai, me trai, tentei te arrancar, deixei de pulsar
buscava os teus olhos nos olhos de outrem
buscava a tua voz nas vozes de outrem
buscava o teu cheiro no cheiro de outrem
buscava o teu calor no calor de outrem
e morria a cada orgasmo que não era o teu, que não era contigo.
aceitei com pressa que podia viver sem você,
mas levei quase uma década para entender
que o teu eu dentro do meu eu, é quem me torna persistente
para amar de novo, para amar mais, para amar melhor
mesmo que um dia não seja o teu nome nas entrelinhas dessas frases,
nas entrelinhas do meu peito, nas linhas do meu corpo.
ainda te amo em silêncio
porque até hoje, não aprendi a amar ninguém como amei você.
não te espero mais,
mas continuo te querendo em cada centímetro da minha pele em noites frias.
era você quem costumava dizer que eu nunca deixaria de te amar
eu costumava reclamar da sua prepotência e soberania. contudo,
tinhas razão
apesar de tudo
desisto
só de considerar outro barco que não o teu cruzando o meu oceano.
eu ainda te amo.
Por: Francielle Santos
(Foto: Santa Burguesinha)
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