the appointment

. . . é preciso descobrir uma maneira de seguir sem continuar te revisitando na memória, sem continuar te tateando como quem caminha por cômodos escuros e tem medo de tropeçar, tem medo de cair. É preciso encontrar um caminho no meio, um caminho que não me arraste para trás onde você esteve, tão pouco para o amanhã, aonde eu tinha certeza que nos encontraríamos.

Quando se espera ficar junto, não se considera possibilidades de não – não vai dá, não terá como, não vamos conseguir. Foi engraçado, eu diria até, que o universo foi irônico! Quase te liguei para contar que tomei a vacina sexta-feira, finalmente! E sabe para quando é a segunda dose? Justamente para o dia que nos prometemos futuro. O futuro que ainda estava salvo na minha agenda, com horário de chegada do voo e tudo. O futuro que não mais acontecerá.

Percebi o tamanho da nossa pequenez diante das eventualidades da vida. Das incertezas do futuro. Das inconstâncias do agora. Do medo do desconhecido. Percebi o quão medrosa eu me tornei. O quão tem sido mais fácil dizer acabou, do que vamos continuar. Talvez, você tenha tido sempre razão, era cedo demais para decisões definitivas, promessas lançadas ao vento.

Confesso que eu olhei para a lua aquela noite de um jeito diferente enquanto fumava outro cigarro. E nem me lembro quando foi que os cigarros ocuparam o espaço das suas ligações de todas as noites. Senti saudade da sua voz. Senti saudade até da sua chatice que me dava nos nervos. Segurei a lágrima no olho, não fazia sentido deixá-la marcar uma noite em que tudo o que você tinha sido fazia barulho, fazia um certo tipo de estrago por dentro. Te senti ao meu lado e outra vez, me despedi, porque tudo.

Por: Francielle Santos

(Foto: wihel.de)

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