
Quem que conheceu aquela garotinha calma, silenciosa, tímida, reservada, diria que dentro dela tinha tanta pressa? Ninguém! Nem mesmo eu, quando por um momento ou outro me lembro de mim mesma na infância sou quase incapaz de associar a mesma personalidade daquela menina, com a personalidade da mulher que eu sou hoje. E não, eu não tenho nenhum tipo de saudade da infância ou não valorizo todo amadurecimento que eu já tenho. Não é sobre isso! É sobre ter calma. Se eu tenho algum tipo de saudade, aspiração, é de ser calma. De ser aquele tipo de pessoa que bastava encostar a cabeça no travesseiro e dormia. Que mal sabia o que era dor. Que quando tinha alguma preocupação era no máximo com a lição de casa da escola ou que pedir para o papai Noel no Natal… parece que foi ontem! E também parece que já faz um século!
Acho que quando a gente começa a cortar todos os tipos de analgésicos que usamos na vida adulta para amenizar os latejos da rotina, das cobranças, das coisas que não dão certo, a gente começa a pensar em algum tempo de tranquilidade. Eu sempre tive tanta pressa, que a minha lembrança de um tempo em que eu estive verdadeiramente mais tranquila, eu tinha uns oito anos. Foi sem querer, eu prefiro acreditar! Mas às vezes “sem querer”, a gente é o que a gente acha que as pessoas desejam que a gente seja. E assim eu fui!
Calma.
Me pergunto qual o custo de não explodir na hora que se precisa explodir? Ou chorar na hora que se precisa chorar? Ou gritar na hora que se precisa gritar? Ou se deixar correr o risco de cair, quando ainda se tem aquela natureza humilde e confiante de levantar? De correr para o colo, quando tudo ao redor ainda é absurdamente gigante?
Na marra, o meu corpo parece ter voltado para os oito anos. Mesmo que a minha mente e todas as urgências da minha vida adulta implore por agilidade, precisão, rapidez. Não adianta! O celular desperta infinitas vezes, eu acordo, e mesmo sendo biologicamente matutina, meu corpo não responde, não se move. É como se me dissesse: eu não estou com pressa! A minha mente questiona. Fico irritada. Brava comigo. Mas tenho entendido que não há o que fazer. Não nesse ponto. Não agora. E não é falta de nada. É excesso. A droga dos excessos!
Por sorte o desafio não tem hora marcada, porque se não, todo dia, ia ser dia 1, até sabe se lá quando.
Por: Francielle Santos
(Foto: Cubcoats)
Muito legal ver a sua reflexão.
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