
Hoje eu senti saudade de casa!
Senti saudade de ver o sol nascer assim que eu completava 5km de corrida na orla de Botafogo até o Flamengo. Senti saudade de não resistir, tirar o tênis e caminhar beira mar para retomar o folego, o sentido, os planos diariamente. Senti saudade da areia quentinha cobrindo os meus pés. Senti saudade do cheiro do oceano, da maresia, do barulho das águas agitadas de Copacabana antes de começar a jornada de trabalho. Senti saudade da estátua de Drummond na hora do almoço. Senti saudade da agitação das sextas-feiras no quiosque do Espeto no Leme, e de lá do píer, tentar contar as luzes dos postes indicando cada ponto da orla, daquele pequeno paraíso da zona sul. Senti saudade do açaí da Maria Açaí. Senti saudade até das bicicletas do Itaú e dos lugares que descobri me perdendo com elas. E falando em Itaú, que saudade eu tenho do Espaço Itaú de Cinema – do latte café e do bolo de vó de cenoura com cobertura de chocolate da Scada Café depois daqueles filmes franceses incríveis – as minhas tardes de inverno de folga com chuva, nunca mais foram as mesmas! Senti saudade do banho demorado só para sentar numa daquelas mesinhas de madeira no meio da calçada esburacada da Voluntários da Pátria para beber e jogar conversa fora. Senti saudade daquele croissant de chocolate da Le Dépanneur. Senti saudade do cheiro de livro e do vinho tinto da livraria e bistrô Prefácio. Senti saudade de pedir uma pizza marguerita – feita por italianos com ingredientes italianos – do Quarto Moro Sardo, para comer em casa assistindo uma série. Senti saudades das tarde de domingo depois de subir a trilha do Pão de Açúcar e contemplar o sol se despedindo atrás do Cristo. Senti saudade do abraço da sensação de pertencimento de estar casa. Senti saudade do silêncio. Senti saudade mim.
(Foto: Arquivo pessoal)