
Engano-me todas as vezes que alguém pergunta como estou sem você e eu respondo, cinicamente, que eu sequer lembro dos teus traços, do teu cheiro, da pressão da tua força na minha carne. É verdade que me esforço e muito, na tentativa falha de escapar de qualquer chiado de pensamento que se refira a ti. E sim, quanto mais o tempo passa, mais distante se torna qualquer eco que seja o teu dentro de mim.
Contudo,
há aqueles dias.
Aqueles dias, em que toda e qualquer tentativa, já está fadada a falhar desde a primeira vez que você me roubou aquele beijo, no meio de uma despedida de “melhores amigos”. Aqueles dias, em que qualquer esforço é miseravelmente medíocre diante das memórias da tua presença, ainda tão impregnadas na minha pele. Aqueles dias, em que nenhum argumento basta, nenhuma justificativa convence nada, absolutamente nada, e eu fico assim, paralisada, em silêncio, tentando respirar no meio desse aperto todo que a tua falta me causa.
Não negarei…
que sinto raiva, uma raiva que me faz chorar debaixo do chuveiro.
Raiva do dia que te conheci. Raiva do dia que mesmo contrariada correspondi os teus lábios. Raiva do dia que me entreguei, porque me entregar era o que eu jurava ser a última objeção a ser vencida para sermos nós – em qualquer tempo, lugar, vida. Raiva de todas às vezes, que tomada por um tipo de esperança fútil, parei tudo, absolutamente tudo para te receber. Raiva da última vez que te vi e eu soube que era o fim. Raiva dessa versão de mim: nem vítima e nem vilã, porém, condescendente as minhas fragilidades somadas as tuas sobras. Raiva do que deixei de me tornar a tua espera. Raiva do que deixei de viver, porque escolhi guardar para viver contigo. Raiva de ter me convencido que você era o the one.
Por: Francielle Santos
(Foto: mywed)
Tudo na vida é memória, que nunca se apague, para que se possa aprender… sim existe a raiva, mas existe também o que de bom existiu… excelente texto.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Concordo contigo! // e obrigada pelo comentário, sempre me ajudam !
CurtirCurtido por 1 pessoa