
Houve um tempo que eu até diria que todas essas coisas que falam por aí sobre os “fantasmas da mente” era só mais um argumento para criarem mais e mais livro de autoajuda ou se promoverem como Coach no Instagram e todas essas plataformas aceleradas que chamam de redes sociais.
Eu já fui aquela pessoa, que negligenciava qualquer argumento que fosse sobre autoconhecimento ou depressão ou ansiedade. Muito, porque a base da minha criação tanto biológica (no sentido de formação), quanto religiosa, nunca (e isso se mantém até os dias de hoje) deu importância ou atenção para qualquer crise que não fosse palpável – física. E realmente, é muito mais fácil aceitar e tentar lidar com aquilo que a gente “vê”, do que com o que é invisível.
Hoje, no processo de meio da minha juventude e o começo da minha vida adulta, eu ainda sinto na pele a minha própria rejeição as sensações e percepções que indicam alguma fraqueza emocional. Pudera não é? Lembro, que a primeira vez que a crise de depressão bateu forte e não deu pra fazer de conta, a primeira reação da minha mãe foi: “isso aí é pecado! Se concerta com Deus (em outras palavras confesse os seus pecados) que as coisas vão melhorar!” E naquele momento, eu entendia muito bem o fundamento daquele raciocínio, contudo, eu também já sabia que não era exatamente aquele o x da questão, e mais, eu também sabia, em algum lugar que eu mal conhecia ainda, que Deus também esperava que entendesse a diferença.
Ainda me bate a mesma indiferença com os fantasmas uma hora ou outra. Apesar de agora saber bem mais do que eu sabia sobre desenvolvimento humano, autoconhecimento e que a mente precisa ser tratada de maneira igual e quiçá, até superior que o corpo e o espírito. No entanto, por vezes eu ainda faço de conta… incontáveis vezes, escuto aquela voz familiar na minha cabeça determinada a me convencer que eu sou uma impostora, que eu não vou dá conta, quem eu estou pensando que eu sou para querer assumir determinado projeto? E é impressionante, como em questão de minutos a minha energia desaparece do meu corpo, manter o foco na tela do computador parece uma sessão de tortura com espinhos nos meus olhos e o meu corpo inteiro dói… e meu Deus, como dói!
Nem todos os dias a gente se vê destemido para enfrentar os nossos gigantes como Davi enfrentou Golias. No fundo, a gente sabe que é como Davi e mais, como Elias, todo destemido, cheio de vida, de garra e convicções, aquele que debochou de um exercício inteiro sozinho, mas que houve um dia que uma voz (ameaça de Jezabel – uma mulher que naquela época mesmo sendo rainha, nem tinha tanto poder ou influência como as mulheres de hoje tem), fez com que ele entrasse em dúvida sobre o que ele era e o que ele podia fazer e ser. Ele temeu uma voz e se escondeu por dias dentro de uma caverna. E perceba, nem de longe um teólogo, cristão ou quem quer que seja vai ousar dizer que era falta de Deus na vida dele. Foi simplesmente a fraqueza da mente em acreditar em si mesma e porque e por quem ele lutava por aquilo que ele acreditava, por um único momento, que o fez recuar, se esconder e se entregar à angústia profunda.
A minha oração hoje é: Senhor me ajude a enfrentar os fantasmas, silencia-los, não me contentar em me esconder na caverna e avançar!