
Me encanta a capacidade das crianças de amar.
No final do ano passado, ficar com os meus primos – Rebeca de cinco anos e Isaque de sete, foi como receber a primavera em casa, já que eu estava atravessando um tempo sombrio na minha vida. Assistimos filmes de baixo de coberta na sala, com pipoca. Brincamos de pega a pega, esconde e esconde. Desenhamos e sujamos a mesa da cozinha de tinta de aquarela. Dividimos a minha cama para três em noites em que o sono demorou pra chegar. Cheguei, inclusive, a levar o meu colchão pra sala, para dormirmos todos no mesmo lugar. Ao mesmo tempo que eu também era a tia/prima – preparava o café da amanhã, almoço e servia a janta. Insistia para comer a comida e não besteiras. Dei banho. Fiz penteados na Rebeca. Contei história da bíblia e fazia oração para eles repetirem antes de dormir. Até dar umas broncas dei – porque nem só de brincadeira se mantém as crianças. Meu irmão, uma certa feita, comentou, enquanto eu tentava fazer Rebeca dormir no colo: “você vai ganhar a medalha de tia do ano!” e eu ri. Sim, eu sempre gostei de crianças, da ideia de ser tia e de ser mãe. Mas essa suscitação de memórias de uma pequena temporada com os meus primos, é na verdade para lembrar do quão bem faz sermos um pouco crianças também, nos divertir, abraçar sem hora marcada, beijar sem motivo e etc.. e quantas etc’s cabem na capacidade natural das crianças de serem o que são, de expressarem exatamente o que estão sentido, de gritarem exatamente o que querem.
Neste dia das crianças, fui vê-los. Infelizmente moramos cada um de uma lado da cidade – eu na ponta da zona sul e eles na zona norte. Mas eu tenho sorte, sorte de tê-los assim tão dentro de mim. Sem querer, a visita deles há quase um ano, reascendeu o amor em mim.