
Uma vez, me perguntaram porque eu insistia tanto em trabalhar muito e ganhar pouco fazendo freela em casamentos. E eu de bate pronto respondi:
— Porque eu amo casar amores!
Tá, essa nunca é uma verdade absoluta. Não dá para saber se as pessoas que estão ali no altar, realmente se amam com todo o coração ou se estão só cumprindo um protocolo, realizando uma ideia imposta, esperada. Mas eu sempre que ajeito o vestido da noiva no altar, logo após ela entrar sob a marcha nupcial, ser beijada na testa pelo noivo que a encontro no caminho, entre aquele monte de convidados – uns que choram, uns que sorriem, uns que estão simplesmente ali por estar e tudo se silencia e só as palavras do padre ou pastor ou cerimonialista ecoam pelo salão ou pela igreja ou a céu aberto, é que eu me reconecto com aquilo que assegura em mim, o porque eu faço o que faço – eu acredito no amor!
Nada mais é tão relevante. Nada mais é maior ou mais forte. É mais que uma sensação de magia. É certeza. Por ora, aquelas duas pessoas que estão em frente do altar, dos pais, padrinhos e amigos, estão ali para materializar o que é imaterializável: o amor. Algum tipo de amor que os carregaram até aquele exato momento.
Às vezes, lágrimas percorrem o meu rosto. Às vezes, silencio às vozes no rádio dos bastidores e me procuro dentro de mim – procuro aquela eu que tantas vezes se viu ali, bem ali, no meio do altar com quem ela amaria. E há vezes, que me encontro. Há vezes que acredito que o mundo ainda tem jeito. Que as pessoas vão mesmo ser melhores do que são. Que não vamos destruir o nosso planeta. Que ainda há tempo para redenção. Que o futuro vai ser florido, vai ter mais risos, mais verdade e mais empatia. Que ainda não estamos condenados a solidão eterna.