A tal da solidão

O meu coração finalmente está completamente desabitado. Não há mais saudade. Não há mais esperas. Não há mais aquela ansiedade por uma notificação na tela do celular. Já não há nada que afete a trilha sonora nas playlist do meu Spotify. Já não há nenhum motivo de alegria ou de desapontamento que me faça querer correr para contar para uma amiga.

E eu esperei tanto, tanto por isso, que constatar isso me alivia e me assusta. Já não preciso me esconder dos sentimentos que me empurrem para qualquer movimento de encontro. Mas já não há também nada que alegre e movimente o meu coração. É como uma casa de festas que já não faz mais festas. Ou como padaria que já não tem o cheiro de pão quentinho francês que acabou de sair do forno. Ou como um aeroporto que já não provoca nem despedidas e nem reencontros de amor.

É uma imensidão. Uma sensação de não ter mais lugar no mundo. Na vida. É um constante frio. Um silêncio ensurdecedor. Um aperto insuportável do invisível que vai me quebrando os ossos. Não sei mais o que dizer, escrever, pensar. Isso, que chamam de alívio, mas que também é capaz de calar todas as queixas, saudades, vontades e que agora preenche cada cantinho do meu ser. Já não há vibrações. Já não há tremores. Já não há frio na espinha. Já não há pele corada. Já não há mais nada.

Por: Francielle Santos

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