
Você merece alguém que nunca duvide de quem você é.
E eu, aqui, lamento por não ser essa pessoa. Não ter conseguido, mesmo lutando com todas as minhas forças pra isso. Lamento as circunstâncias que nos levaram a encruzilhada em que não nos restam mais do que duas opções, onde estamos escolhendo, de um jeito ou de outro, direções opostas. Lamento a ausência forjada pela distância geográfica entre nós – lamento pelos dias que não vivemos tudo o que queríamos, tudo o que merecíamos. Lamento por ter dado ouvido à todas as coisas absurdas que o silêncio ensurdecedor me contou nos últimos dias, como também lamento pelas palavras que não foram ditas a tempo para fortalecer o nosso nós e nos preparar para a crise. A crise, que nos levou abaixo. A crise que derrubou o teto de vidro sobre nós. Lamento, por tudo o que está passando e eu ainda não sei bem o que é. E como lamento por toda essa sensação de impotência que me veste, que me prende nessa cadeira na frente dessa tela em branco, onde busco as palavras certas para contar ao meu próprio coração sobre nós, e conter essa vontade maior que o mundo de correr para o aeroporto, gastar todo o dinheiro que nem tenho, e te buscar, como quem busca agulha no palheiro até ser vista outra vez pelo seu olhar… sim, aquele seu olhar que foi capaz de derrubar qualquer tipo de defesa que eu tinha. Lamento não ter certeza se você está bem. Lamento não poder estar ao seu lado para atravessar tudo isso, para atravessar inclusive o mundo, como tantas vezes imaginamos. Lamento não poder ser o seu porto seguro. Lamento pelas as incertezas que apertam o meu coração nesse momento. Lamento pela saudade desesperançosa que arde em cada cantinho de quem eu sou. Lamento por não estar aí. Lamento por não ter voltado a tempo para construir com você um caminho do meio, um caminho onde resistiríamos, um caminho só nosso.
Por: Francielle Santos